quarta-feira, julho 12, 2006

INCHAÇOS

Hoje deixei a terra. Hoje parti até aos confins do absoluto. Para trás ficaram o espaço e o tempo, assim como os entendo.

Parti sem ir. Demorei tempo nenhum. Não havia correspondência entre o espaço onde estava e aquele onde me sentia. Não era possível determinar o tempo que decorreu entre o momento em que parti e aquele em que voltei. Apenas porque não fui, nem vim. Mas também não fiquei.

Deitado no leito que por ora me aceita, de costas viradas para o mundo, cresço. Sinto-me crescer. O meu corpo afasta-se sem se mover. Tudo o que não sou eu se torna pequeno. Cada vez mais pequeno. Será isso? Será que é o não eu que se está a tornar cada vez mais pequeno e não eu que estou a crescer? Sinto-me estranho, gostava, agora, de ser capaz de restabelecer a normalidade das proporções. Mas não. A uma velocidade que não se mede, invado um espaço que não existe. A perspectiva altera-se. O não eu desaparece à medida que o eu aumenta de tamanho. Perdi o controlo da situação…

Sinto-me sem dimensões. Sou, neste momento, tão grande como o tudo, e, em simultâneo, não existo, como o nada. Estranho, sinto-me mal. Não quero não ser…